quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Códice Calixtino exposto ao público até domingo

Reuters


Durante anos esteve guardado num cofre, longe da vista do público, e sempre que alguém pedia à Catedral de Santiago de Compostela para ceder o Códice Calixtino para uma exposição a resposta era sempre a mesma: não. Mas agora o livro do século XII, roubado da catedral no Verão passado e recuperado em Julho deste ano, vai poder ser visto numa exposição sobre a obra, organizada pelo Museu da Catedral de Santiago

Para os que quiserem conhecer a história desta raridade e observar o original, numa oportunidade rara, têm apenas até domingo para o fazer, depois disso o Códice Calixtino volta para o cofre, de onde foi roubado no ano passado por um ex-trabalhador da Catedral, detido no mês passado. Ao público ficará depois exposta uma cópia do livro, que é conhecido como o primeiro guia do Caminho de Santiago.
A exposição, que é inaugurada esta quinta-feira, às 13h, é sobre a história e os conteúdos do Códice Calixtino, retratando a época em que foi criado e o contexto em que apareceu, traçando a evolução da Catedral e da cidade de Santiago no século XII. Além do Códice, estarão expostas algumas obras de arte da época e outras dedicadas ao tema. Os peregrinos que todos os anos caminham até Santiago também terão uma parte da exposição a eles dedicada.
O Códice Calixtino, ou Codex Calixtinus, é um livro do século XII e tem um valor incalculável. O manuscrito estava guardado numa caixa forte no arquivo da catedral e o seu desaparecimento tinha sido considerado um dos mais graves cometidos contra o património histórico e artístico espanhol. Na altura não foram adiantadas muitas informações mas a polícia suspeitava que o crime tinha sido cometido por alguém que conhecia muito bem o espaço e que tinha acesso ao arquivo da catedral, que é restrito, uma vez que não existiam sinais de arrombamento.
Em Julho, quando o Códice foi descoberto numa garagem nos arredores de Santiago, ficou-se a saber que o responsável pelo roubo, que há meses estava a ser investigado pela polícia, trabalhou durante 25 anos na catedral, até que foi despedido pela igreja, por ter falsificado um documento sobre a sua relação laboral com a instituição.
Até ao roubo, o Códice Calixtino apenas tinha saído por duas ocasiões da catedral, mas nunca de Santiago da Compostela. Depois destas duas saídas, a Catedral optou por expor uma reprodução da obra, protegendo o original na caixa forte.
O Códice Calixtino descreve pela primeira vez os detalhes de várias das rotas do Caminho de Santiago, com informação sobre alojamento, zonas a visitar, património e objectos de arte que podem ser conhecidos. Um relato que, nove séculos depois, continua a ser citado e ainda serve de referência para alguns dos locais percorridos pelos peregrinos.
Elaborado entre 1125 e 1130 – depois manuscrito em 1160 – o texto ficou maior do que o inicialmente previsto, acabando por contar com participações dos principais escritores, teólogos, fabulistas, músicos e artistas da época, tendo que ser dividido em cinco livros e vários apêndices, entretanto reunidos, já no século passado, num único volume.
 

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