sábado, 5 de janeiro de 2019

ANSIÃO: A Fonte Santa

    O milagre da Fonte Santa de Ansião conta-se em duas versões. A versão mais generalizada conta-nos que teria ocorrido junto a uma eira onde uma criança guardava o milho que os pais tinham a secar. Mortificada pelo calor ardente e cheia de sede a menina foi a casa para beber água e a mãe, zangada por ter desobedecido, não só não a deixou beber água como a obrigou a regressar à eira, onde a criança, a chorar, começou a rezar, ao que lhe acudiu Nossa Senhora que se lhe apareceu dizendo para procurar na areia que encontraria água. A criança assim fez e a nova rapidamente se espalhou por toda a freguesia de onde começaram a acudir na procura de remédio para as suas doenças.
   A segunda versão contada dois anos após o milagre ter acontecido por Manuel Severim de Faria, Chantre da Sé de Évora, que ali foi em romaria, relata que um menino sonhou que no milho que o pai tinha semeado no seco areal a Virgem lhe dava uma fonte. Tendo a criança no dia seguinte, escavado com as mãos o local indicado e deparando-se-lhe a nascente. Relata ainda Severim de Faria que logo acorreram ao local doentes que ao se lavarem com a dita água encontraram cura para os seus males.
   Independente da lenda que lhe deu começo a fonte não seria mais que um simples buraco aberto no areal tendo diante um outro para onde corria a água milagrosa.
  Encontramos a Fonte Santa na saída de Ansião, aproximadamente um (1) quilometro depois da Ponte da Cal.  Incisa na verga da porta do nicho está a inscrição «ESTA FONTE APARESEO A 11 DE AGOSTO DE 1623». O nicho em forma de vieira -, é rematado por uma cruz de terminações e no seu interior está a bica que canaliza a água que vem da nascente (uns metros mais acima).
   Anexo ao nicho, um pequeno edifício rectangular aberto por porta e óculo tem no seu interior uma banheira de pedra para imersão dos doentes nas águas milagrosas.
   No lado oposto da fonte destaca-se uma curiosa caixa de esmolas constituída por um monolítico bloco de pedra furado na parte de cima para o depósito das esmolas e aberto lateralmente por portinhola de ferro.
   Uns metros mais acima encontra-se a cisterna e no topo da encosta ergue-se uma capelinha de planta quadrangular que guarda a imagem de Nossa Senhora da Paz na noite da procissão que acontece no primeiro domingo do mês de Agosto parte da Capela de Nossa Senhora da Paz (a 1 Km da Fonte) ficando a imagem na capelinha sob vigilância dos fiéis, regressando no dia seguinte à Capela, junto da qual se realizam as festas.

Fontes:
- Inventário do Património Arquitectónico. Fonte Santa, IPA: 00008876;
- COUTINHO, José Eduardo Reis, Ansião. Perspectiva Global de Arqueologia, História e Arte da Vila e do Concelho. Coimbra, 1986;
- DIAS, Manuel Augusto. Confraria de Nossa Senhora da Paz da Constantina. Ansião, 1996.

Sem comentários:

Enviar um comentário