Passadas três décadas do renascimento das peregrinações
jacobeas e tendo em conta que em 2014 se cumprem vinte cinco anos do
falecimento do grande impulsor deste renascimento, o pároco de O Cebreiro, Elías
Valiña, o estado actual das peregrinações a Santiago e do próprio Caminho
suscitam uma reflexão que deve pressupor, forçosamente, um ponto de encontro
tanto para todos os que durante estos anos trabalharam com entusiasmo a favor
da peregrinação e do próprio Caminho em todas as suas vertentes como para todos
aqueles que a cada dia se aproximam com ilusão a essa meta sagrada que nos
chegou da história.
Os valores actuais do Caminho de Santiago, universalmente
aceites, formam um legado único que é obrigação transmitir ao futuro:
Espiritualidade, fraternidade, solidariedade, hospitalidade, busca,
conhecimento, respeito e liberdade. Através dos itinerários jacobeos se
manifesta o melhor do ser humano, fluindo desde todos os cantos do mundo até
Compostela, a tumba apostólica que o imaginário medieval situou no confim
ocidental do mundo. Por outro lado, as rotas históricas persistem rodeadas de
um extraordinário património material e imaterial, em grande medida vinculado,
ao próprio facto da peregrinação.
Esses valores e esse património, se conjugam hoje em dia
numa rota onde a multiculturalidade e a convivência diária em circunstâncias
afastadas da sua rotina com gentes dos mais diversos países, raças, crenças e
idiomas, em condições de paz, serenidade e reflexão, produzem um enriquecimento
pessoal e um enriquecer de experiências impossíveis de conseguir em outros
lugares. E assim se forma uma das últimas grandes aventuras que pode viver o
ser humano, o Caminho de Santiago, uma viagem interior através de um espaço
sagrado milenário cheio de sinais de conhecimento e reconhecimento, uma viagem
a Ítaca passando por Esparta, um sonho partilhado por milhões de almas através
dos séculos.
Para compartilhar, defender e divulgar estes valores e esse
património, o grande legado do Caminho de Santiago, e transmiti-lo nas melhores
condições às futuras gerações, e sendo conscientes da universalidade e dimensão
internacional do fenómeno jacobeo, gentes de todos os países querem reunir e
compartilhar os seus conhecimentos, sua generosidade e o seu altruísmo para,
conjuntamente, colocar em marcha um projecto solidário, igualitário e fraterno
com os seguintes fins gerais:
- Unir numa só voz, livre e independente, todos os que em qualquer país do mundo, estão a trabalhar a favor do Caminho de Santiago e da peregrinação jacobea. A dimensão do fenómeno jacobeo é universal e é por ele que manifestamos a necessidade dessa voz comum, fraterna e solidária.
- A consulta, assessoria, ajuda mútua e solidariedade entre todos seus componentes, em qualquer país ou itinerário jacobeo, assim como promover a ajuda, aconselhamento e colaboração com todas aquelas instituições que trabalham a favor do Caminho de Santiago.
- A defesa, impulso e divulgação dos valores inerentes ao Caminho de Santiago que nos foram transmitidos através da historia, e também do seu património viário, tanto tangivél como intangível, perante todas as instancias civis e religiosas e, particularmente, a custodia do legado de concórdia, espiritualidade e solidariedade que nos transmitiu o grande impulsor do renascimento das peregrinações, Elías Valiña, pároco de O Cebreiro. Desse legado, e do seu exemplo fecundo, se depreende o nosso lema: “Sempre no Camiño”.
- Actuar como foro de debate, opinião e crítica construtiva perante a problemática actual das peregrinações jacobeas.
- Promover o estudo, a investigação e a divulgação do Caminho de Santiago em todos os seus aspectos, em qualquer país e em qualquer rota jacobea.
- A peregrinação e presença activa nos itinerários jacobeos.
Sem comentários:
Enviar um comentário