domingo, 4 de novembro de 2018

MOSTEIRO DE SANTOS-O-NOVO (Comendadeiras de S. Tiago)

A 5 de Setembro de 1490, as comendadeiras da Ordem de Santiago de Espada abandonam o edifício de Santos-o-Velho, que até então ocupavam, e mudam-se para um outro na freguesia de Santa Engrácia, no local denominado Santa Maria do Paraíso, onde se ergue o Recolhimento Lázaro Leitão, sob a protecção do rei D. João II, sendo comendadeira-mor Catarina Nogueira
No inicio do séc. 17 decide-se construir um novo mosteiro, nas imediações para tal em 1606, Domingos Ribeiro Cirne é nomeado para cobrar as dívidas aos credores das monjas, de forma a garantir financiamento para a obra e nesse mesmo ano é ordenada a feitura das traças do edifício, provavelmente executadas por Baltasar Álvares, arquitecto das Ordens Militares. Passados 3 anos (1609), a 9 Fevereiro, é lançamento da primeira pedra. 
Ainda em construção em 1629, as freiras transferem-se para o novo edifício que apenas tem a sua conclusão em 1685.
O Mosteiro é composto por claustro quadrangular maneirista, igreja joanina de planta rectangular, com entrada principal por fachada lateral, esquema obrigatório nos conventos femininos, perpendicular à ala Este, com eixo interno, formado pela capela-mor, possuindo coro-baixo, coro-alto e sacristia adossada ao lado Norte. 
As fachadas conventuais maneiristas, tomando como fonte o Mosteiro de São Bento, em Lisboa, rasgadas por janelas de perfil rectilíneo com moldura de cantaria, algumas com grades, sendo circunscritas por duplas pilastras toscanas, único elemento de destaque na sobriedade das mesmas. O claustro de três pisos, dois com arcadas sobrepostas, assentes em pilares de cantaria e outro reentrante, formando terraço. 
As alas são profundas, com cobertura de berço com penetrações, onde surgem várias capelas, com decoração do barroco nacional, caso da Capela de Nossa Senhora da Encarnação. 
As Celas de dimensões consideráveis, constituindo unidades habitacionais para as comendadeiras, correspondentes ao seu estatuto de não clausura, com as fachadas rasgadas por 365 janelas.
No piso inferior, da zona conventual mantêm-se, na ala Sul o oratório de Santiago Maior.
Na Calçada da Cruz da Pedra onde se localiza um dos portais, encimado pelas armas da Ordem de Santiago da Espada e no Museu da Cidade encontra-se o Portal Manuelino que apresenta uma vieira, símbolo da peregrinação jacobeia.

Fontes:

  • CASTRO, João Baptista de, Mappa de Portugal, Lisboa, 1762-63; 
  • COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portuguesa e Descripçam Topográfica, tomo III, Braga, 1869; 
  • LEAL, Augusto Soares Pinho, Portugal Antigo e Moderno: Dicionário, Lisboa, 1873-90; 
  • MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; 
  • OLIVEIRA, Eduardo Freire de, Elementos para a História do Município de Lisboa, 17 vols., Lisboa, 1882-1911; 
  • OLIVEIRA, Nicolau (Frei), Livro das Grandezas de Lisboa, Lisboa, 1992; 
  • PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Diccionario historico, chorographico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico, vol. IV, Lisboa, 1909; 
  • PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; 
  • Regimento do Mosteiro de Santos da Ordem de Santiago da Espada, Lisboa, 1793; 
  • SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo XI, Lisboa, 1745-52; 
  • VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou ao serviço de Portugal, vols. I e III, Lisboa, 1899.


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